Exercício do perdão

Louvado por todas as religiões, na prática o perdão é um desafio diário.

Exercício do perdãoPerdoar é um verbo pouco conjugado na prática. Uma das principais orações cristãs diz que devemos perdoar àqueles que nos ofenderam, assim como pedimos que nossas ofensas sejam perdoadas. No entanto, no dia a dia, a oração – muitas vezes apenas decorada – não é levada em consideração.
Para Júlio Rique Neto, professor de psicologia da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), que dedicou seu doutorado ao assunto, na Universidade de Wisconsin-Madison, nos Estados Unidos, o perdão é uma virtude que possui raiz nas religiões. “Todas utilizam o conceito de perdão em uma forma ou outra. Porém, são poucas as pesquisas que indicam um efeito significativo das religiões sobre o perdão”, afirma o docente.
“Perdoar é o ato de dissolver a raiva por completo”.
E não significa apenas colocar uma pedra sobre o assunto.
De acordo com a professora Lucia Novaes, do Programa de Pós-Graduação em Psicologia, do Instituto de Psicologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), perdoar é um processo interno. “É percebido mais pelo comportamento do que pelo pedido de desculpas” comenta.
E o psicólogo Leonardo Bueno, de Santa Catarina (SC), reforça: “Perdoar é o ato de dissolver a raiva por completo. E não significa apenas colocar uma pedra sobre o assunto. Deixar como está. Fazer de conta que nada aconteceu”.
O docente Júlio Rique Neto diz que perdoar não é esquecer, mas lembrar sem sofrer a dor da injustiça. E cita a definição do psicólogo Robert Enright, Ph.D. da Universidade de Minnesota, de que “perdoar é abandonar o direito ao ressentimento e as respostas negativas com relação ao ofensor e ser capaz de agir, julgar e sentir com base na compaixão, generosidade e amor, os quais o ofensor não possui o direito de receber”.

Perdoar é desafio.

Mas aplicar o perdão de forma pragmática exige empenho. “Perdoar é um desafio, pois requer contrariar uma lógica pautada na justiça e no dever”, destaca Rique Neto.
É uma decisão voluntária de abandonar o ressentimento e a raiva e cultivar a generosidade. Foi por meio desse exercício contínuo que a jornalista Yara Rocca, 48, sentiu na pele, o resultado positivo do perdão. “Ninguém fica doente porque está repleto de amor”, diz.
Yara conta que, ao longo dos anos, foi cultivando mágoas e ressentimentos da família e de relacionamentos que não deram certo. Segundo ela, isso se manifestou em problemas de saúde. “Primeiro descobri que tinha miastenia grave [um tipo de fraqueza muscular] que me levou até a andar em cadeira de rodas. Depois comecei a desenvolver alergias e intolerâncias alimentares que resultaram em uma perda de peso significante, causando desnutrição e provocando a Síndrome do Intestino Irritável”, relembra Yara.
Até que, em 2011, a jornalista sofreu uma parada respiratória de dois minutos, em casa, e quase morreu. “Naquele momento, pedi a Deus que me desse mais uma oportunidade e, que em contrapartida, iria trabalhar com o amor”, revela. Passado o susto, outros problemas de ordem doméstica aconteceram, como a perda de sua gata de estimação, que até hoje faz Yara se emocionar. No início do ano passado, Yara descobriu que estava com divertículos (bolinhas) grudados na parede intestinal e isso a fez refletir sobre sua saúde emocional. “Tudo isso era resultado de muita mágoa, problemas que não conseguia digerir”, acredita.
Foi quando ela decidiu fazer uma busca na internet sobre como se tornar uma pessoa mais tolerante e encontrou um curso falando sobre o perdão. “Isso mudou a minha vida. Iniciei uma ampla pesquisa para montar uma terapia própria e ensinar como conseguir perdoar de fato. Descobri que o amor chega curando tudo, sem deixar sequelas”, filosofa.
A saúde reagiu à sua descoberta e, em poucos meses, Yara recuperou dez quilos. “Os divertículos sumiram, posso me alimentar normalmente, pois nada mais me faz mal e até a fraqueza muscular melhorou bastante”, conta. Para ela, cada dia é uma nova porta que se abre. No entanto, este é um processo contínuo. Por isso, Yara dedica-se a realizar workshops ensinando como perdoar. “Não é um processo fácil, mas um exercício possível. Eu ainda tenho a quem perdoar, mas já me sinto bem mais leve e feliz comigo mesma”, garante.

Exercitar o perdão é um benefício à saúde.
Segundo Júlio Rique Neto, quando as pessoas perdoam todos indicadores físicos da saúde melhoram. “Nesse aspecto, as pesquisas são claras e conclusivas: o ressentimento e a raiva são estressores de grande porte para nossa saúde. Cultivá-los eleva a pressão arterial, impulsiona a depressão e a ansiedade”, afirma o psicólogo.
Tanto que o perdão tem sido tema de livros e pesquisas em todo o mundo. O Ph.D. em Aconselhamento e Psicologia da Saúde da Universidade de Stanford, nos Estados Unidos, Fred Luskin, autor do livro ‘O Poder do Perdão’ é um dos principais especialistas no assunto. Ele desenvolve uma metodologia de treinamento do perdão que foi validado por meio de estudos investigativos bem-sucedidos.

''Perdoar é o ato de dissolver a raiva por completo. E não significa apenas colocar uma pedra sobre o assunto"

Por Simone Cunha IG São Paulo
Fonte:https://learningtoforgive.com/

             Federação Espírita Catarinense  


 

 

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