Provas da existência de DEUS

Christiano Torchi

Dois argumentos centrais predominam entre os que negam Deus: o de que não há provas da existência do Criador e o de que, se Ele existisse, não permitiria que o mal campeasse no mundo.
Fazendo coro com as teses materialistas, dizem os defensores desta ideia que nunca viram, ouviram ou tocaram em Deus. Conservam postura semelhante à dos positivistas do século 19, que estudavam a natureza pelos sentidos, pela observação e pela análise:
[...] Tudo o que se afasta dessa ordem de coisas é para eles o desconhecido, o porquê, ao qual renunciam, deliberadamente, pesquisar.1
Alguns adeptos do paradigma materialista sustentam que a formação do universo seria uma combinação fortuita da matéria. Tal hipótese, porém, não resiste à análise crítica da razão e da observação dos fatos.
São tantas as variáveis a influir na formação das coisas que seria impossível, matematicamente, que tudo se originasse de um acidente da natureza:
Uma célula viva é composta de uns vinte aminoácidos que formam uma cadeia compacta; esses aminoácidos, para funcionarem, dependem de cerca de duas mil enzimas  específicas. Biólogos e matemáticos calcularam a probabilidade de que mil enzimas diferentes, portanto a metade do necessário, pudessem juntar-se ao acaso, de modo ordenado, para formar uma célula viva ao longo de uma evolução de bilhões de anos:
a probabilidade de que isto viesse a acontecer é da ordem de 10 elevado a 1.000 contra um. Uma impossibilidade estatística:   vida, portanto, não pode ter surgido por acaso.2

Inúmeras teorias científicas têm sido formuladas na tentativa de decifrar o enigma da origem da vida e da evolução dos seres vivos. A de Michael Behe, professor-adjunto de bioquímica da Universidade de Lehigh, Pensilvânia, EUA, autor de A caixa preta de Darwin, adotou uma proposta mais consentânea com os fatos da natureza: Com base no espantoso progresso das pesquisas, Behe conclui que a célula obedece a uma programação e afirma, corajosamente, que os cientistas não têm mais como se omitir: o ser vivo só pode ser explicado pela Teoria do Planejamento inteligente.

Do estudo bioquímico da célula vem um grito de certeza: “Planejamento!”, nela existe o arranjo intencional das partes.3

Há um consenso de que a convicção da existência de um ser superior, ao qual se dá vários nomes, é inata no ser humano, mesmo naqueles que dizem não acreditar nele. O sentimento intuitivo de Deus é uma das provas da onipresença do Criador, porquanto essa intuição não subsistiria se ali não estivesse presente:
Afirma-se que Deus existe, porque, por assim dizer, “se sente” que existe. A existência de Deus e o sentimento dessa existência são, pois, uma e a mesma coisa. 4
Tal fenômeno é perfeitamente aferível por qualquer pessoa, sobretudo por aquelas que estão em grande sofrimento ou que se deparam com a morte iminente.
A universalização desse sentimento desmente a tese de que a crença na divindade surgiu do nada ou que é somente produto da religião e da cultura. A existência de Deus é um “axioma”, isto é, uma premissa evidente e verdadeira, que independe de demonstração. De acordo com a tradição filosófica, o axioma equivale ao princípio de que, por sua própria dignidade, ou seja, por ocupar um lugar de nobreza e destaque num sistema de proposições, deve ser avaliado como verdadeiro:
[...] Os axiomas são [...] princípios evidentes que constituem o fundamento de toda a Ciência [...] são proposições irredutíveis, princípios gerais aos quais se reduzem todas as outras proposições e nos quais estas necessariamente se baseiam.
[...] possui, por assim dizer, um imperativo que obriga ao assentimento uma vez que seja enunciado e entendido.5
A todo efeito inteligente corresponde uma causa inteligente – eis uma dedução lógica irrefutável –, que mostra a natureza como a assinatura viva do Criador. O universo revela perfeição, harmonia, ordem, precisão… Assim, não se pode dizer que ele surgiu do nada ou criou-se a si mesmo pelas forças cegas do acaso.

Não raro, a crença ateísta se entrelaça com a visão niilista do “morreu, acabou”, a qual estimula as filosofias da loucura,  que “proclamam o gozo e a fuga à razão, ao dever de humanidade, aos princípios do amor, empurrando os jovens e os adultos aos porões das drogas alucinógenas, do sexo [desvairado], dos vícios perturbadores”.6

Se a morte fosse o fim de tudo, os maus ganhariam muito com ela, pois se veriam livres ao mesmo tempo do corpo, da alma e dos vícios:

Em outros termos, equivale a dizer que o materialismo, que proclama o nada para depois da morte, anula toda responsabilidade moral posterior e, por conseguinte, é um estímulo ao mal [...].7
Em parte, essa visão reducionista ganhou força em determinado momento graças a inúmeros fatos que marcaram a história da civilização ocidental, entre eles iniciativas que, desvirtuando os ensinos cristãos e cometendo abusos em nome da fé, forjaram uma teologia ausente das leis naturais. Felizmente, porém, o advento do Consolador prometido por Jesus – o Espiritismo – projetou luz sobre essas e outras questões, modificando as estruturas do conhecimento e abrindo espaço para a restauração do Evangelho de Jesus “que permanecia encarcerado no dogmatismo e asfixiado nos tecidos sombrios da intolerância como da superstição”.8

O paradigma espírita, utilizando-se de metodologia apropriada, abriu campo para a comprovação da imortalidade, da comunicação entre o mundo visível e o invisível, da reencarnação, da evolução, da lei de causa e efeito, da pluralidade dos mundos habitados, entre outros princípios, que corroboram, irrefragavelmente, a existência de uma inteligência suprema a governar o universo, que brinda o ser humano em evolução com ampla margem de liberdade para fazer suas escolhas, dando-lhe a oportunidade de se responsabilizar e aprender com os erros, bem assim gozar das próprias conquistas.

Enfim, o Espiritismo proporciona o “conhecimento das coisas, fazendo que o homem saiba [quem é] de onde vem, para onde vai e por que está na Terra”;9 qual o objetivo da existência e qual a razão da dor e do sofrimento; “um chamamento aos verdadeiros princípios da Lei de Deus e consolação pela fé e pela esperança”.9

Conta-se que famoso inventor, ao completar 70 anos, foi homenageado com um banquete, na presença de inúmeras autoridades e ilustres convidados da comunidade científica de renome. Na ocasião, um repórter perguntou ao laureado cientista o que ele mais admirava na natureza. Fez-se um profundo e expectante silêncio, pois todos ficaram curiosos em ouvir a resposta. Passados alguns segundos, o entrevistado teria respondido, com a maior espontaneidade: “Um pé de capim.

Só Deus sabe fazer um pé de capim…”. Se alguém nos perguntar onde está a prova da existência de Deus, consultemos a lapidar resposta dada pelos Espíritos à mesma questão:
Num axioma que aplicais às vossas ciências: não há efeito sem causa. Procurai a causa de tudo o que não é obra do homem e a vossa razão vos responderá.10

Noleto Bezerra. 4. ed. 1. imp. Brasília: FEB, 2013. q. 4.


REFERÊNCIAS:

1 DELANNE, Gabriel. O espiritismo perante a ciência. 5. ed. 1. imp. Rio de Janeiro: FEB,  2011. pt. 1, cap. 2, p. 42.
2 NOBRE, Marlene. A vida contra o aborto. Dez perguntas e respostas sobre a origem da vida e a natureza do embrião. São Paulo: Associação Médico-Espírita do Brasil. p. 28.
3 _____. O clamor da vida. Reflexões contra o aborto intencional. São Paulo: FE Editora Jornalística, 2000. p. 70.
4 MORA, J. Ferrater. Dicionário de filosofia. 2. ed. São Paulo: Loyola, 2004. t. I, verbete “Deus”, p. 698.
5 ____. ____. t. I, verbete “axioma”, p. 243.
6 FRANCO, Divaldo P. Reflexões espíritas. Pelo Espírito Vianna de Carvalho. Salvador: Leal, 1991. p. 8.
7 KARDEC, Allan. O evangelho segundo o espiritismo. Trad. Evandro Noleto Bezerra. 2. ed. 1. imp. Brasília: FEB, 2013. Introdução, it. Resumo da doutrina de Sócrates e Platão, subit. 9, p. 31.
8 FRANCO, Divaldo P. Reflexões espíritas. Pelo Espírito Vianna de Carvalho. Salvador: Leal, 1991. p. 13.
9 KARDEC, Allan. O evangelho segundo o espiritismo. Trad. Evandro Noleto Bezerra. 2. ed. 1. imp. Brasília: FEB, 2013. cap. 6, it. 4, p. 101.
10 ____. O livro dos espíritos. Trad. Evandro

 

Fonte: Revista Reformador

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