O livro Desobsessão: 50 anos de bons serviços

O Espírito André Luiz, após vinte anos de vivência e aprendizado em reuniões mediúnicas aqui na Terra e no plano espiritual, legou-nos pela psicografia do venerável médium Francisco Cândido Xavier o livro Desobsessão, objetivando a que nos tornássemos trabalhadores mais eficientes na sublime tarefa de cooperar no resgate dos irmãos que perambulam alienados no mundo das sombras, prisioneiros de suas fixações mentais flageladoras. Com sua primeira edição em 1964, pela FEB, a obra está completando, neste ano, meio século de prestação de inestimável serviço ao Movimento Espírita brasileiro.

Desobsessão é “um livro diferente”;1 um livro técnico permeado de inestimáveis ensinamentos evangélico-doutrinários. Como todo manual, os assuntos são abordados semdigressões, objetivando oferecer noções básicas de como compor, programar, realizar e conduzir uma reunião de desobsessão. Aborda temas que orientam os trabalhadores daquela faina caridosa, desde o despertar até o momento em que se encerra a reunião naquele dia tão especial para encarnados e desencarnados.

Este livro é o único manual ditado pela Espiritualidade para se obter com segurança os melhores resultados de uma reunião mediúnica de socorro aos desencarnados. Um recurso didático adotado pela Espiritualidade foi intermear os capítulos com fotos ilustrativas, cuja finalidade é informar pela imagem que a reunião deve transcorrer em ambiente simples e sem aparatos de qualquer natureza. As fotos revelam que seus participantes não portam adornos especiais, não se comportam de modo estranho, não têm atitudes místicas e não praticam rituais, insistindo, dessa forma, em que o Espiritismo não adota recursos exteriores nas atividades espirituais, valendo nesse trabalho, acima de tudo, o amor e o conhecimento adquirido pelo estudo da mediunidade.

A origem da prática de socorrer os desencarnados por meio do diálogo nas reuniões mediúnicas nós a encontramos em O livro dos médiuns, de Allan Kardec:

Não se pode também combater a influência dos maus Espíritos, moralizando-os? “Sim, mas é o que não se faz e é o que não se deve descurar de fazer, porquanto, muitas vezes, isso constitui uma tarefa que vos é dada e que deveis desempenhar caridosa e religiosamente. Por meio de sábios conselhos, é possível induzi-los ao arrependimento e apressar-lhes o progresso.”2 (Grifo nosso.)

A expressão “por meio de sábios conselhos” não sugere quaisquer rituais ou procedimentos exóticos. Allan Kardec sempre reconheceu a essencialidade do diálogo, pois foi por meio dele que decifrou o pensamento dos Espíritos portadores da Terceira Revelação. Os pioneiros da tarefa de atendimento aos Espíritos, imbuídos de boa vontade, mas sem o necessário conhecimento das leis que regem a dinâmica da vida, em especial a lei do progresso, que não dá saltos, traduziram sábios conselhos como doutrinação. Acreditavam que seria suficiente falar ao desencarnado dos princípios doutrinários para que se reformasse intimamente em poucos minutos, mudando sua mentalidade construída ao longo dos séculos. Nada obstante, a boa vontade e a expressão de amor daqueles que doutrinavam geravam resultados, levando em conta sempre o inestimável esforço da Espiritualidade para valorizar as nossas inciativas no sentido do bem, multiplicando as migalhas de caridade que lhes ofertamos.

A doutrinação de espíritos sofredores ou inferiores não é uma ilusão, mas uma realidade amplamente constatada. Perguntam algumas pessoas que poder possuímos para doutrinar espíritos. Respondemos: o poder natural que Deus concede a todos os homens que souberem cultivar a fraternidade e as boas intenções. 3 (Grifo nosso.)

As casas espíritas, ainda na primeira metade do século XX, não estavam devidamente organizadas para realizar reuniões de desobsessão. Cada uma delas as desenvolvia segundo o entendimento de seus dirigentes, sua cultura e recursos humanos disponíveis, nem sempre devidamente preparados. Além desses fatores a gerarem distorções, havia a ausência do estudo sério e constante da Doutrina Espírita pela grande maioria dos adeptos do Espiritismo.

Essa realidade foi plasmada em uma das obras de abnegado estudioso daquela época:

Por infelicidade, muitas associações espíritas há, quase exclusivamente compostas de pessoas mais dominadas pelo desejo de presenciarem, nas sessões, as proezas dos Espíritos evocados, ou que se manifestam espontaneamente, do que pelo de adquirirem o conhecimento da vida do Além e a significação e o objetivo da vida corpórea, mediante o estudo metódico e aprofundado dos ensino espíritas, consubstanciados nas obras fundamentais do Espiritismo, que são, essencialmente, a chave do Cristianismo puro, do Cristianismo de Jesus.4 (Grifo nosso.)

Cremos que, em razão dessa realidade constrangedora, o autor de Nosso lar resolveu presentear-nos com o livro Desobsessão. Foi o seu autor que introduziu o termo esclarecedor no lugar de doutrinador, o qual não expressa a verdadeira função de quem atende os Espíritos nas reuniões de desobsessão. No capítulo 20 do referido livro, ele orienta que “num grupo [mediúnico] de 14 integrantes, por exemplo, trabalharão dois a quatro médiuns esclarecedores”,1 e no capítulo 24, ressalta a importância que tem aquele irmão nessa grave função, dizendo:

Na equipe em serviço, os médiuns esclarecedores, mantidos sob a condução e inspiração dos benfeitores espirituais, são os orientadores da enfermagem ou da assistência aos sofredores desencarnados. [...]

Naturalmente que a esses companheiros compete um dos setores mais importantes da reunião.1 (Grifo nosso.)

Daí para frente o epíteto doutrinador passou a ser questionado e substituído pelo termo esclarecedor. A valorosa e profícua escritora mineira Suely Caldas Schubert definiu com muita propriedade, não deixando dúvidas quanto ao termo esclarecer aplicado às reuniões de desobsessão:

Esclarecer, em reunião de desobsessão, é clarear o raciocínio; é levar uma entidade desencarnada, através de uma série de reflexões, a entender determinado problema que ela traz consigo e que não consegue resolver; ou fazê-la compreender que as suas atitudes representam um problema para terceiros, com agravantes para ela mesma. É levá-la a modificar conceitos errôneos, distorcidos e cristalizados, por meio de uma lógica clara, concisa, com base na Doutrina Espírita e, sobretudo, permeada de amor.5

O médico de Nosso lar não somente pretendeu, com o livro em análise, incentivar constituição e sustentação de grupos espíritas devotados à obra libertadora e curativa da desobsessão, mas, também fomentar a criação de grupos mediúnicos, aconselhando que:

Cada templo espírita deve e precisa possuir a sua equipe de servidores da desobsessão, quando não seja destinada a socorrer as vítimas da desorientação espiritual que lhe rondam as portas, para defesa e conservação de si mesma.1

E ele vem conseguindo esse resultado. Atualmente a grande maioria dos centros espíritas realizam reuniões de desobsessão com simplicidade, disciplina e componentes devidamente preparados para a luminosa tarefa, graças ao livro Desobsessão.

Parabéns! Pelos 50 anos de bons serviços prestados no seio de nosso Movimento.

REFERÊNCIAS:

1 XAVIER, Francisco C.; VIEIRA, Waldo. Desobsessão. Pelo Espírito André Luiz. 28. ed. 6. reimp. Brasília: FEB, 2012. Prefácio, Emmanuel, p. 9; p. 85 e 101; cap. Desobsessão, p. 15, respectivamente.

2 KARDEC, Allan. O livro dos médiuns. Trad. Guillon Ribeiro. 81. ed. 2. imp. (Edição Histórica.) Brasília: FEB, 2014. Pt. 2, cap. 23, it. 254, q. 5.

3 PIRES, Herculano. O infinito e o finito. Cap. 22. Disponível em: . Acesso em: 4 ago. 2014.

4 BANAL, Spártaco. Sessões práticas do espiritismo. 7. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2002. Cap. 7, p. 35.

5 SCHUBERT, Suely Caldas. Obsessão/ /desobsessão. 2. ed. 7. imp. Brasília: FEB, 2014. Pt. 3, cap. 6, p. 175.

 

Fonte: Revista Reformador

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