Abel Gomes

Nascido em Minas Gerais, a 30 de dezembro de 1877, na antiga cidade de Conceição do Turvo, hoje Senador Firmino, e falecido a 16 de agosto de 1934, no Porto de Santo Antônio, hoje Astolfo Dutra (MG), Abel Gomes foi professor, jornalista, cronista e poeta.

Propagandista valoroso e devotado do Espiritismo e do Esperanto, legou à literatura pátria páginas cheias de beleza e simplicidade e, o que é muito mais importante, viveu uma vida de exemplos evangélicos.

Abel ficou impossibilitado de andar aos 25 anos de idade acometido por pertinaz e progressiva paralisia, que lhe imobilizou as pernas. Levado a uma cadeira de rodas, continuou, no entanto, a produzir como poucos e jamais deixou de trabalhar.
Exerceu as profissões de professor e de contabilista, esta em várias firmas comerciais. Com a paralisia, devido às dificuldades de locomoção, começou a trabalhar em sua própria residência como alfaiate e fotógrafo e, nas horas de lazer, ensinava música aos jovens da cidade.
No ano de 1928, em companhia de outros denodados seareiros, fundou no Porto de Santo Antônio o Grupo Espírita Luz e Trabalho, a primeira instituição da cidade, que teve vida efêmera.

No dia 2 de julho de 1933, coadjuvado por doze companheiros, fundou novo Centro Espírita com o mesmo nome do primeiro. Após o seu falecimento, a Casa passou a se chamar Cabana Espírita Abel Gomes.

         Anos depois, o educandário espírita destinado ao amparo e acolhimento de meninas órfãs, fundado na mesma cidade na década de 40, recebeu o nome de Fundação Espírita Abel Gomes, entidade promotora e sede de uma das mais antigas Semanas Espíritas realizadas no país, que se repete anualmente no mês de julho.  (Veja abaixo uma breve história da Fundação Espírita Abel Gomes.)
Poliglota, Abel dominava bem o português, o francês, o espanhol e o italiano, e conhecia razoavelmente o grego e o latim. Dedicado às letras, deixou numerosas obras das quais se destacam: A Felicidade, obra publicada em 1940 pela Federação Espírita Brasileira; Pérolas Ocultas e Fatos e Comentários, também publicada pela FEB, em 1943; e Braz Pires.

Tio do conhecido esperantista e confrade Ismael Gomes Braga, foi Abel – em Espírito – quem, pela primeira vez, falou ao sobrinho sobre a importância do triângulo Evangelho/Espiritismo/Esperanto, a cuja divulgação Ismael Gomes Braga dedicou sua última existência.
Sobre sua iniciação no Espiritismo, revela Abel Gomes: “Eu era moço ao abrir o Livro dos Espíritos, o Livro dos Médiuns e o Evangelho, de Allan Kardec. Ainda sob as impressões dos 24 anos, cérebro cheio de esperanças e fantasias, era cedo demais para dar combate à descrença que me procurava dominar, ao reconhecer que me não satisfaziam os dogmas de Roma. Ao aproximar-me dos 30 anos, iniciei novamente o estudo do Espiritismo, que tornei a interromper por motivos justos, volvendo a abrir aqueles livros uns meses depois”. (Pérolas Ocultas e Fatos e Comentários, pág., 20.)

Abel integra também, como poeta, o livro Parnaso de Além-Túmulo, editado pela Federação Espírita Brasileira, do qual participa com dois sonetos: Temos Jesus e Morte, psicografados por Francisco Cândido Xavier. O primeiro deles encontra-se reproduzido ao lado.
É ainda de sua lavra a mensagem Notícias, que integra a obra Falando à Terra, publicada em 1951 pela Federação Espírita Brasileira e igualmente psicografada por Francisco Cândido Xavier.

Notícias do Além-Túmulo
Na referida mensagem, que integra o extraordinário livro Falando à Terra, psicografado por Francisco Cândido Xavier, Abel Gomes inseriu ensinamentos importantes que nos servem ao mesmo tempo de advertência e estímulo. Eis, na sequência, os principais trechos da mensagem:

A MORTE E SUAS COMPLEXIDADES
“Na existência do corpo, começamos ou recomeçamos determinado serviço. Além da sepultura, continuamos a boa obra encetada ou somos escravos do mal que praticamos na Terra.” (Falando à Terra, p. 53)
            “As inteligências aqui (na erraticidade) se agrupam segundo os impositivos da afinidade, vale dizer, consoante a onda mental, ou frequência vibratória, em que se encontram.”(p. 55)
            “Há infernos purgatoriais de muitas categorias. Correspondem à forma de pesadelo ou de remorso que a alma criou para si mesma.” (pp. 56 e 57)
            “A matéria mental, energia cuja existência mal começamos a perceber, obedece a impulsos da consciência mais do que possamos calcular. A paz é realmente daqueles que a possuem no recesso do ser.”(p. 58)
“A morte nos situa à frente de complexidades imensas, nos domínios da mente e, para solucionar os problemas de ordem imediata, nesse campo de incógnitas vastíssimas, somente encontraremos na prática dos ensinamentos de Jesus a sublimação necessária ao equilíbrio íntimo de que carecemos para mais amplos voos no conhecimento e na virtude, forças básicas para as realizações mais altas na dinâmica do espírito.”(p. 59)
            “Volumosa percentagem dos milhares de pessoas que desencarnam (...) permanece, por vezes, muitos anos consecutivos, ao lado de parentes na consanguinidade, porque é na experiência do lar que deixamos maior número de obrigações não cumpridas.” (p. 59)

A IMPORTÂNCIA DOS DEVERES FAMILIARES
            “No microcosmo da família, em muitas ocasiões, temos representantes significativos de nossos adversários do pretérito. Almas vigorosas na incompreensão, na dureza, na ingratidão e na hostilidade passiva, aí se encontram ombreando conosco, na lide cotidiana, disfarçados nos apelidos mais doces, no que concerne ao carinho.”(p. 59)
            “É no seio da organização doméstica que somos tentados à disputa mais longa, ao ciúme mais entranhado, à rebeldia mais impermeável e às aversões mais fundas.”(p. 60)
            “A sementeira da simpatia é impositivo precípuo, a que nossa paz se condiciona. Todos os deveres cumpridos no seio doméstico significam ingresso no apostolado pela redenção humana.” (p. 60)
            “Os raros homens e mulheres que se ausentam do mundo, conservando uma consciência tranquila para com os parentes e afeiçoados, penetram, de imediato, em missões mais amplas no auxílio à Humanidade.” (p. 60)
            “... o mais leve mas perseverante pensamento de amor, produz alegrias e bênçãos em multiplicação imprevisível, tal qual uma só semente de árvore protetora frutifica no bem por tempo indeterminado.”(p. 62)
            “Nem todos se retiram da Terra na posição de heróis. A perfeita sublimação é obra dos séculos incessantes.”(p. 64)
            “A vida é uma corrente sagrada de elos perfeitos que vai do campo subatômico até Deus, e, cada vez que, impenitentes ou distraídos, lhe dilaceramos a harmonia, despendemos força, habilidade e tempo no reajuste.” (p. 67)

A PERDA MAIS LASTIMÁVEL E RUINOSA
“À maneira que nos desenvolvemos em sabedoria e amor, consideramos a perda dos minutos como sendo a mais lastimável e ruinosa de todas.” (p. 67)             
            “Guardamos, cada dia, a colheita dos recursos e das emoções que estamos realmente plantando. Não existe infelicidade, senão aquela que decretamos para nós mesmos.” (p. 67)
            “As posições no mundo são provas ou prêmios, expiações ou experiências.” (p. 68)
            “Quanto mais sublimada a consciência e o coração, mais luz divina a criatura poderá refletir.” (p. 68)
            “Ante o irmão que parte na direção da experiência que nos seja desconhecida, façamos, pois, silêncio, quando não seja possível auxiliá-lo com expressões de estímulo, na certeza de que a vida é infinita e de que nossa alma é imortal.” (p. 68)

Breve história da Fundação Espírita Abel Gomes
Na Zona da Mata de Minas Gerais, em Astolfo Dutra (ex-Porto de Santo Antônio), município situado a 90 km de Juiz de Fora (MG), ergue-se uma instituição que os portuenses conhecem e estimam muito: a Fundação Espírita “Abel Gomes”, educandário para meninas órfãs fundado em 2 de julho de 1942 e que já encaminhou para a vida, nestes quase 60 anos de existência, mais de 200 crianças, muitas das quais são hoje mães e até avós.
            A instituição surgiu no momento em que ocorria na cidade um clima de acentuado preconceito religioso. O movimento espírita reduzia-se ali, na década de 40, à Cabana Espírita Abel Gomes, entidade que, apesar do nomecabana, sempre se guiou pela obra de Allan Kardec e teve a orientação de Abel Gomes, fundador do Casa e pioneiro do Espiritismo na região.
            Abel tivera seu nome lembrado para figurar numa das ruas da cidade. Sua condição de espírita descontentou os meios católicos mais radicais, que pressionaram as autoridades a revogar o ato.
            Abel já havia retornado à pátria espiritual e, numa mensagem mediúnica dirigida aos espíritas portuenses, advertiu-os nos seguintes termos:
            “Por que esse aborrecimento por motivo de nome de rua? Isso não justifica esse estado de revolta. O campo para o trabalho dignificante é imenso; ponham-se à reflexão e vejam quanta coisa a bem dos semelhantes vocês podem fazer, sem que haja contendas desnecessárias.”
            Em face dessa mensagem, os pioneiros do Espiritismo na cidade puseram-se a meditar e surgiu a ideia da criação de um Asilo de amparo à velhice e uma Casa de amparo às crianças órfãs desvalidas. Eufóricos com a ideia, puseram-se ao trabalho.
            Em 1940 o casal Germano Rodrigues Leite e Elvira Demolin Leite deu um donativo de Cr$ 20.000,00, que se destinou à compra do terreno. Em 1944, após a elaboração dos planos e o registro da associação, as obras deslancharam, com a inauguração parcial prevista para 25 de dezembro do mesmo ano, o que de fato ocorreu.
            A denominação sugerida e por todos aceita foi Fundação Espírita “Abel Gomes”. A diretoria na fase de início da construção foi composta por Astolfo Olegário de Oliveira, presidente; Orestes Gomes Braga, vice-presidente; Mário Vitoriano, secretário; e Antônio Braga Neto, tesoureiro.
Da Comissão de estudos e pareceres, além de muitos confrades portuenses, participava a primeira moça espírita da cidade, Maria Salomé Pires, mais conhecida pelo apelido de Dona Menina.
            A prioridade inicial foi a construção da Casa de amparo às meninas órfãs. Depois de muito esforço e dificuldades de toda a ordem, construiu-se a sede da Fundação, seguida mais tarde do Pavilhão-Escola “David Pais dos Santos”.
            Inaugurada parcialmente a instituição em 25 de dezembro de 1944, as primeiras internas foram admitidas na gestão de Antônio Braga e Anita Borela de Oliveira, quando a Fundação passou a contar, na administração interna da Casa, com o casal Isaura e Manoel Martins Guimarães, que abandonou todas as aspirações no campo profissional para dedicar-se à obra de cuidar, como verdadeiros pais substitutos, das meninas internas.   

Temos Jesus
Desaba o Velho Mundo em treva densa
E a guerra, como lobo carniceiro,
Ameaça a verdade e humilha a crença,
Nas torturas de um novo cativeiro.
 Mas vós, no turbilhão da sombra imensa,
Tendes convosco o Excelso Companheiro,
Que ama o trabalho e esquece a recompensa
No serviço do bem ao mundo inteiro.
 Eis que a Terra tem crimes e tiranos,
Ambições, desvarios, desenganos,
Asperezas dos homens da caverna;
Mas vós tendes Jesus em cada dia.
Trabalhemos na dor ou na alegria,
Na conquista de luz da Vida Eterna.

 

 (Soneto extraído do Parnaso de Além-Túmulo, psicografado por Francisco Cândido Xavier.)
 

Fonte: O Consolador

Este Site não visa fins lucrativos. Só estamos interessados em divulgar a Doutrina Espírita. Caso alguém se sinta prejudicado pelo uso de alguma imagem ou texto aqui publicado, por favor entre em contato que nós providenciaremos a sua retirada. Obrigado.
clique aqui
PARTICIPE DA HOME PAGE DO CEJN
Se você estuda a Doutrina Espírita e tem facilidade para escrever, envie-nos um artigo inédito e ele poderá ser publicado aqui na Home Page.*
Envie:
 c.espiritajesusdenazare@gmail.com
* os textos estarão sujeitos a análise prévia.
   

 

Novidades

Receber nossas novidades!